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Síndrome de Burnout entre líderes religiosos é discutida por pesquisadores

Idealizados pela maioria da população, os líderes religiosos fazem parte de um grupo social que nem sempre tem acesso ao apoio psíquico quando necessário. O tema foi abordado durante a sexta mesa redonda do XII Seminário de Psicologia e Senso Religioso, na última quinta-feira (14). Em discussão, as fragilidades, pressões e até o desenvolvimento de distúrbios emocionais, como a Síndrome de Burnout.

Dando início ao debate, o mestre em Teologia e capelão do Centro Educacional Católica de Brasília (CECB), Emmanuel Ifeka Nwora, apresentou seu trabalho envolvendo entrevistas com 15 capelães católicos e evangélicos de instituições militares. Na pesquisa, foram identificados quadros de depressão, estresse, ideação suicida e dependência química. Ele conta que, em algumas entrevistas, os capelães não seguraram a emoção e afirmaram ainda ter sido esta a primeira vez em que falavam sobre o assunto.

“A deficiência em estudar conceitos da saúde mental pode afetar a maneira como eles lidam com os seus problemas. Muitas vezes, estes líderes nunca estudaram ou tiveram conhecimento a respeito do sofrimento psíquico e por isso, não sabem como tratar da sua própria dor”, acrescenta Emmanuel.

O desenvolvimento da Síndrome de Bornout entre líderes religiosos foi apresentado pela mestre em Psicologia Social e do Trabalho pela Universidade de São Paulo (USP), Erika Nakano. O distúrbio emocional surge como resultado de um quadro de estresse crônico no trabalho, que no caso de líderes religiosos é agravado pelo fato do ofício “andar lado a lado” com a vocação.

“Grandes líderes sempre passaram por sofrimentos, até porque ninguém está livre de sofrer. O que a pesquisa revelou é que a sobrecarga emocional, cobranças excessivas, expectativas e o envolvimento no trabalho afetam estes religiosos. São pessoas vistas como perfeitas e idealizadas, mas elas também têm o seu sofrimento”, pontua Erika.

De acordo com o pós-doutor em Psicologia Clínica e coordenador do curso de Filosofia da Faculdade Católica de Mato Grosso (FACC-MT), que organiza o XII Seminário, Rosimar Dias, cerca de um terço dos padres no Brasil experimentam níveis clinicamente significativos da Síndrome de Burnout. O número, segundo ele, é resultado respostas inadequadas ao estresse laboral enfrentados por estas lideranças. Rosimar aponta ainda que, segundo pesquisas, de 10% a 17% dos líderes religiosos relataram a experiência do isolamento social.

“A Síndrome de Burnout, caracterizada, entre outras coisas, pelo esgotamento emocional, é uma forma de afeto negativo muito presente entre líderes religiosos. Este esgotamento emocional está muito associado a estressores interpessoais, como dificuldades com membros da família, e estressores próprios do ministério, como conflitos na comunidade eclesial e altas expectativas dos fiéis”, salienta Rosimar.

Através de suas pesquisas, estes três pesquisadores concluíram que líderes religiosos também necessitam de apoio e acompanhamento psicológico. A busca de ajuda profissional pode contribuir não só com o alívio do sofrimento psíquico deles, como auxiliá-los a atuar de forma mais eficaz junto às comunidades que servem. Os resumos dos três trabalhos abordados podem ser encontrados clicando AQUI.

Fonte: Pau e Prosa Comunicação

Foto: Júnior Silgueiro

 

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